sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

COMEMORAÇÃO DO DIA INTERNACIONAL DO CIDADÃO DEFICIENTE

O dia nove de Dezembro de 1975 foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas como o Dia Internacional do Cidadão Deficiente, contudo, uma década após o estabelecimento desta data, a Assembleia Geral das Nações Unidas, proclamava um novo dia para celebrar este evento. Ficou assim consagrado o dia 3 de Dezembro. Esta alteração fez com que, nos termos da al. g) do artigo 202.º da Constituição, o Conselho de Ministros, através da resolução n.º 24/93 (2ª série) de 6 de Setembro, adoptasse também a referida data. Trata-se de uma comemoração que se realiza com o objectivo de fomentar uma maior compreensão dos assuntos que dizem respeito à deficiência e para mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar das pessoas. Pretende aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração das pessoas com deficiência em cada aspecto da vida política, social, económica e cultural.
Deficiência é um conceito definido pela Organização Mundial de Saúde e é usado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatómica. “A expressão pessoa com deficiência pode ser aplicada referindo-se a qualquer pessoa que possua uma deficiência”. Contudo, o termo deficiente para denominar pessoas com deficiência tem sido entendido como inadequado, pois considera-se que leva consigo uma carga negativa/depreciativa da pessoa. Actualmente a palavra é considerada como “inapropriada”, capaz de promover o preconceito em vez do respeito pelo valor integral da pessoa. A partir da Declaração de Salamanca (1994) estabeleceu-se uma nova terminologia mais abrangente e menos preconceituosa. Assim, em vez de deficiência, passou a designar-se por Necessidade Educativa Especial, toda e qualquer necessidade considerada atípica e que requeira algum tipo de abordagem específica por parte das instituições, seja de ordem comportamental, social, física ou emocional. Esta nova designação, ao promover uma abordagem mais inclusiva, implica também um maior volume de recursos para alcançar esse desiderato. Na senda da Declaração de Salamanca, a CIF, ao exigir uma avaliação mais rigorosa dos diferentes casos, pretende optimizar os recursos em ordem a que eles cheguem a quem mais precisa. Neste contexto, Simeonsson (1994) sugere que se distinga entre “problemas de baixa frequência e alta intensidade” (caso das “alterações sensoriais, tais como a cegueira e a surdez, o autismo, a paralisia cerebral, o sindroma de Down …”) e “alta frequência e baixa intensidade”. Os primeiros, requerendo uma intervenção precoce e uma grande mobilização de recursos, humanos e materiais.
Porém, os casos de alta frequência e baixa intensidade, que a crise de valores éticos e morais, a par da crise económica instalada está a potenciar de forma exponencial, devem-nos merecer a maior atenção. Trata-se de casos a que todos temos de estar atentos. E quando digo todos, não excluo ninguém: governo, autarquias locais, escolas, professores, técnicos administrativos e técnicos auxiliares de educação.
Numa perspectiva microssistémica, a queda abrupta de rendimento de um aluno, pode estar relacionada com estas situações. A referenciação de alunos para a educação especial, deve, obrigatoriamente, descartar esta possibilidade. Por isso, subjacente ao processo de referenciação, deve haver um conhecimento aprofundado de todas as situações sócio-económicas, culturais e educacionais relativas ao aluno em questão e um esgotar de todos os apoios previsto na legislação em vigor, nomeadamente, os consignados no Despacho normativo 50/2005 de 20 de Outubro.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 3 de 2008 de 7 de Janeiro, a Educação Especial destina-se a dar resposta aos alunos com “limitações significativas ao nível da actividade e participação, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente, dando lugar à mobilização de serviços especializados para promover o potencial de funcionamento biopsicossocial (DGIDC, 2008). Como referido, não cabem no conceito de educação especial, os alunos cujas limitações não obedeçam ao princípio sublinhado. O que não quer dizer que ficam sem apoio. Significa, isso sim, que para esses alunos, tem de se procurar outro tipo de resposta educativa que não passe pela educação especial. Assim, para esses alunos, existe um conjunto de respostas que pode e deve ser implementado, a começar pelos Percursos Curriculares Alternativos ao abrigo do Despacho n.º 1 de 2006, D.R., II Série de 06 de Janeiro, que (não sendo uma panaceia) pode resolver muitas situações, passando pelos CEF (Cursos de Educação e Formação) e PIEF (Programas Integrados de Educação e Formação) e acabando nos diferentes cursos profissionais existentes nas diferentes escolas.
Neste dia de reflexão, como profissional da educação, não posso deixar de lamentar a forma como por vezes é encarada a educação especial por certos responsáveis. Trata-se de uma visão míope. A educação especial “não dá votos” . A educação especial é vista, por alguns, como uma espécie de quisto, (que se pudessem extirpavam) não permite o show-off com que pretendem encobrir as desgraças em que se tornaram algumas escolas. É ostracizada porque não contribui para dourar a estatística de uma certa escola de “referência” e “excelência”. Contudo, não creio numa escola ou sociedade que despreze os mais fracos, aqueles que não conseguem defender-se, aqueles cujas famílias, mesmo apercebendo-se, têm receio de denunciar os casos com medo de que lhes aconteça pior.
Como é natural, esta insensibilidade não acontece só em algumas escolas, infelizmente, muitos responsáveis pelas autarquias locais continuam a aprovar projectos de construção que são autênticas barreiras para os incapacitados. Provavelmente, quem assim actua, foi “educado” numa dessas escolas insensíveis. Todavia, nem por isso é menos responsável. Há muito que a lei prevê a eliminação de barreiras arquitectónicas, há muito que a lei estipula quotas para empregar cidadãos com incapacidades, há muito que as empresas têm apoios para empregar pessoas “menos válidas”. Contudo, em Portugal, a estatística da empregabilidade indica que se encontram profissionalmente activos 55,2 por cento dos deficientes! (Aguiar, Carla e Negrão, Leonardo in DN de 05 Novembro 2008), o que não sendo mau - na maioria dos países até 80% das pessoas com deficiência em idade de trabalhar está desempregada – não nos pode deixar descansados. O que será feito dos restantes 44,8% de cidadãos deficientes desempregados? Como será a estatística actual? Como será a estatísticas nos anos vindouros?

Bibliografia:
· Resolução n.º 24/93 (2ª Série) – Conselho de Ministros de 6 de Setembro).
· ONU (Organização das Nações Unidas).
· Ministério da Educação (2008). Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, Manual de apoio à prática.
· Ministério da Educação (2008). Decreto-Lei n.º 3 de 2008 de 7 de Janeiro
· http://www.peti.gov.ptpeeti_menu.asp.
· http://www.junior.te.pt/servelts
· http://www.citizencorps.gov/news/themes10/december.shtm
· http://girofle.blogspot.com do.html>de 6 de Setembro de 1993.
· Despacho n.º 1 de 2006, D.R., II Série de 06 de Janeiro

Agrupamento Vertical de Lamego, Escola EB 2,3, 03 de Dezembro de 2010
Educação Especial

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Apoios..... Onde

Escola "não abandona os alunos"
Numa entrevista, publicada no Público, a Ministra da Educação, afirma convictamente que a realidade educativa é desconhecida da generalidade da opinião pública. Isso permite-lhe proferir afirmações completamente desfasadas da realidade.
Vejamos:
P- Não deixa de ser notório o contraste do retrato que faz com o de uma avaliação do Conselho Nacional de Educação, em que se diz que "somos quase o único país europeu que não encontrou soluções para apoiar os alunos" com dificuldades.
ME- Nós damos apoio aos alunos, que têm dificuldades, aos que têm necessidades educativas especiais; damos em vários domínios. Somos um país que dá apoio aos alunos. Não me revejo nessa citação. É uma questão de conhecimento da realidade e não de optimismo. Os professores estão muito atentos e investem muito nos alunos com dificuldades.


Em que país vive a nossa Ministra?!
Publicada por Fátima G.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Bom ano lectivo

Olá a todos!


Mais um ano lectivo que se iniciou. Tudo indica que se avizinham mais uns tempos conturbados. e de muito trabalho. No entanto, haja esperança acima de tudo nós somos uns lutadores ! Desejo um bom ano a todos: colegas, amigos, visitantes do blog! E por favor façam o favor de fazer os vossos alunos felizes....

A colega da E.E.

Fátima Gonçalinho


domingo, 7 de março de 2010

Legislação para casos de bullying existe faz falta é prevenir

Uma escola mais atenta e a criação de estruturas mediativas capazes de apresentar respostas às vítimas, é a solução compartilhada por políticos e especialistas na protecção de menores para casos de bullying. Legislação já existe, garantem. O que é preciso é agir.
O caso de bullying, com desfecho trágico, ocorrido em Mirandela, leva Manuel Coutinho, secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança (IAC) e coordenador da linha SOS Criança, a defender a criação de gabinetes de apoio ao aluno e à família nas escolas. Aliás, eles já existem em cerca de 30 agrupamentos de escolas em todo o país, promovidos, integrados e autonomizados pelo IAC, com o apoio do Programa para a Inclusão e Cidadania (PIEC). "Esses gabinetes têm contribuído para criar escolas mais serenas, com menos violência, com o apoio da comunidade. É importante que o Estado perceba a utilidade desses gabinetes, pois têm sido uma boa prática a nível da resposta preventiva contra o bullying e a violência na escola em geral", realçou.
Manuel Coutinho salientou, também, a importância de um olhar atento às crianças por parte dos adultos, sejam eles profissionais dos estabelecimentos de ensino, familiares ou conhecidos das crianças que são vítimas da perseguição, coacção e violência de outras. "Não podemos esperar que seja a criança a denunciar. Os casos devem ser denunciados pelos adultos que se apercebam de que a criança está aflita", referiu. No seu entender, a legislação para actuar nestes casos já existe. "Há que predominar o bom-senso, não podemos ter uma lei própria para o bullying. Basta apenas actuar mediante as leis que já existem", explicou. Manuel Coutinho recordou que, desde 1988, já chegaram à linha SOS Criança mais de 80 mil apelos.
A criação de estruturas próprias para esse fenómeno nas escolas é também defendida pelo deputado comunista Miguel Tiago. "O PCP já propôs a criação de gabinetes escolares para dar resposta a estes casos de violência, dotados de psicólogos, animadores sócio-culturais e alunos, para a dinamização de clubes, actividades de grupo e acompanhamento de casos de indisciplina e violência", referiu. No seu dizer, a criação de mais legislação ou mais repressão em nada adianta. "A escola não pode ser um depósito de crianças. Tem de oferecer boas condições físicas, maior número de auxiliares e menos alunos por turma", defendeu.
Joana Marques Vidal, procuradora-geral adjunta, também é de opinião que a legislação existente para responder aos casos de bullying é suficiente. "O que é necessário é uma atitude diferente por parte da escola e de toda a comunidade. É preciso estarmos todos alerta para denunciar os casos antes que situações graves aconteçam", salientou.
Também Paula Barros, do grupo parlamentar do PS, defendeu um papel mais pró-activo por parte da escola na prevenção.
Armando Leandro, presidente da Comissão Nacional das Crianças e Jovens em Perigo afirmou tratar-se de um problema de primeira linha da escola, cabendo-lhe fazer a prevenção.

Retirado de " INCLUSO", por Fátima Gonçalinho prof E.E.


terça-feira, 2 de março de 2010

AULAS EXTRA-MUROS

Visita de estudo a Guimarães - Património Cultural da Humanidade e Capital Europeia da Cultura – 2012.

No dia 19 de Fevereiro de 2010, os alunos da Educação Especial, integrados nas suas turmas, devidamente acompanhados pelos Docentes de Educação Especial – António Soares e Alexandra Pina e pela senhora Tarefeira Hostilina, fizeram uma visita de estudo ao Centro Histórico de Guimarães. Tratou-se de uma visita organizada e orientada pela Coordenadora do Departamente de Ciências Sociais e Humanas, Drª – Regina e que se mostrou do maior interesse, especialmente para a disciplina de História.


Chegados ao local, e após um ligeiro aconchego dos estômagos, fomos directos à célebre Praça da Oliveira onde os alunos devidamente orientados pelos seus professores e pelas técnicas dos Serviços Educativos do Museu, iniciaram um paddy-paper. Os cadernos fornecidos a todos os participantes, pelos Serviços Educativos do Museu, serviram de guia para o processo de pesquisa denominado “jogo de descoberta” que se seguiu. Com esta actividade, que se estendeu também à Praça de Santiago, os alunos puderam redescobrir e vivenciar aspectos importantes da nossa História.
Seguiu-se a visita ao Museu Alberto Sampaio, situado em pleno Centro Histórico de Guimarães, no local onde a condessa Mumadona, no século X, mandou construir um mosteiro.


Já no interior do Museu, pudemos apreciar valiosas colecções de arte antiga (ourivesaria, pintura, escultura, talha, têxteis, cerâmica, e azulejaria), a maior parte das quais são legados dos séculos XIV, XV, e XVI, e cuja peça de maior significado histórico nos foi referenciada como sendo o loudel do rei D. João I (séc. XIV). Peça que o referido rei envergou na Batalha de Aljubarrota (1385). A guia da visita, relevou ainda a importância do tríptico de prata dourada que o mesmo monarca ofereceu a Santa Maria de Guimarães.


Para além da história vivenciada pelos alunos (na foto a Ana Rita e o Ruben), ainda fomos agraciados com a apresentação de um teatro de fantoches que pretendeu representar a história do rei fundador de Portugal e do enredo das suas aventuras e desventuras. Escusado será dizer que os alunos demonstraram muito interesse e apreciaram esta forma de contar a História de Portugal

Numa visita de estudo inclusiva há sempre lugar para a solidariedade e entreajuda.


(Pedro Sousa a ser ajudado por um par/colega da turma).

Terminada a visita ao Museu, dirigimo-nos para o parque de merendas, junto ao Paço dos Duques de Bragança onde desfrutamos do recheado farnel.

Finalmente, é de realçar o trabalho desenvolvido pelas técnicas dos Serviços Educativos do Museu cujo apoio logístico e informativo muito contribuiu para o sucesso desta visita de estudo.

Os alunos da Educação Especial fizeram uma ficha exploratória relativa à viagem a efectuar e outra ficha reflexiva, no primeiro dia de aulas, a seguir à visita.

Todos se mostraram participativos, entusiasmados, felizes e dispostos a participar noutras visitas de estudo.

A. Soares